quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Crônica - O Lupanar - 7 de Agosto 2014

O  Lupanar –
Era uma lupanar que ficava no final da rua do comércio,  a rua que outrora era cognominada de “rabo do tatu” e que hoje abriga uns raros casebres cuja a finalidade é nada aceita pela o bom senso monogâmico da sociedade ocidental-cristã.  Dos vários locais de culto à Vênus, um deles se destaca pelo porte senhoril e místico de sua arquitetura, um sobrado no qual funcionava na parte de baixo um comércio de estivas e cereais durante o dia e, findo o expediente  do estabelecimento de merceeiros, iniciava-se a atividade do lupanar no piso superior do prédio. A cafetã dona do lupanar era sócio do merceeiro dos cereais.As seis da noite, religiosamente, as rameiras se apresentavam para prestarem seus serviços aos seus clientes, clientela esta constituída de estivadores do comércio atacadista que ficavam nas cercanias do “cháteau”. Esse comércio luxurioso efervescia até que os pares fossem formados e estes recolhessem em suas alcovas trancadas no mais profundo mistério. Os clientes eram todos casados ou amasiados, mas buscavam naquele “comércio” além do prazer, a necessidade de extravasar a lassidão de  mais um dia de uma faina extenuante, cônscios de estarem cometendo um  adultério reprovável pelas suas rainhas. As meretrizes, queriam apenas garantir o almoço do dia seguinte ou algumas prendas quase insignificantes, essas mulheres  de meia idade que não amavam,  já nem sonham mais em perspectivas além da “rua da lama”.

 O silêncio toma conta da rua do comércio nas altas horas, os clientes dormem um sono profundo ajudado pela lassidão física adicionado ao efeito narcótico do álcool. Uma chuva fina cai antes dos primeiros sinais da aurora, os primeiros proletários começam a aparecer  para mais um dia de trabalho e aqueles que pernoitaram no lupanar começam a se misturar com os demais até que tudo fique normal e a cena faça jus ao nome que batiza a rua: Rua do comércio.     

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