quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Crônica - É Outubro - 2 de Outubro 2014

Chegou outubro, talvez um mês como qualquer outro para maioria dos que se utilizam do calendário cristão, mas para mim não! No primeiro dia do mês, uma atípica garoa no início da tarde muda a paisagem seca dos últimos dias. Antes do término da primeira hora da tarde a rápida chuva surpreende os transeuntes que a essas horas, costumeiramente  cruzam o chão da praça do centro comercial da cidade! Estou eu nas cercanias da praça como um carapina do nada a fazer, observando os passantes que vagabundeiam pelo comércio local. Mas a frente á esquerda descendo a ladeira fica o bar do Ratisbona, um misto de bar e lupanar, ali fica a tradicional zona do meretrício local, os clientes a essa hora são poucos. Nesse observar inútil da paisagem urbanística, mudo a vista em direção diametralmente oposta ao bar do Rabisbona e vejo a loja de eletro-eletrônicos, lembro que necessito de alguma peça inútil para o meu computador de mesa, negligencio o preço da peça ofertado pelo vendedor e após essa contenda comercial consigo junto a ele minorar em alguns centavos o preço da peça em questão.
As horas passam, ocupo solitariamente um banco da praça, fumo desbragadamente um cigarro após o outro mesmo estando minha garganta em petição de miséria, atitude bastante irresponsável para quem vai precisar da voz no dia seguinte como um instrumento de trabalho. O amontoado de guimbas ao redor do banco de minha estadia denuncia o quanto da minha inútil atitude tabagista. Uma nuvem de pombos voa de modo desordenado no perímetro da praça, um sem número de aves alvinegras fazem a festa sem se oportunar com os personagens que vão e vem por ali. As aves sobrevoam o local num arrulhar monótono e sem nexo.
Veio em mim a ideia de ir naquela loja de secos e molhados só para olhar a vendedora com seu charme de mulher que incita minha libido com seu charme. Infelizmente a jovem mulher já foi abençoada pelo Himeneu, um acessório de bijuteria barata em forma de círculo no dedo anular da mão esquerda, denuncia tal fato e a monogamia ocidental não permite maiores avanços e pretensões do meu intento quase hormonal, quase bestial .

As horas avançam, o sol já vai a meio caminho, tenho agenda marcada para logo mais as dezessete horas no solar de meus pais, é o tradicional chá das cinco que religiosamente as quartas-feiras de todas as semanas se realiza. Tenho que ir, o dever me espera no meu lar, além do chá, espera por mim, um livro para prazerosa leitura, ainda nas páginas iniciais, é bem verdade. Minha mãe me espera, ela espera que eu permaneça celibatário não sei até quando,espera que permaneça eternamente tutelado por seus afetos, enquanto isso penso na moça da loja de secos e molhados, penso na condição monogâmica e racional de nossa cultura, questiono tal fato e consigo me irritar com todos esses fatos injustos.  

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