sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Crônica - Circunferência ou Círculo? - 27 de Novembro 2014

Circunferência ou Círculo?



Tempo, sempre estou escravizado por ele! Uma grande contagem de várias medidas, diversas deles. Queria ser um índio, onde o tempo se resume ao dia e a noite. A luz e a escuridão! quarta-feira a tarde! Eis-me aqui na solidão de minha oca ( bem queria eu que fosse uma oca!) a casa está vazia ( todos estão em suas lides produtivas a essa hora!) estou mais vazio que meu tugúrio. Jaz sobre minha cabeceira um sem número de livros inúteis, folheio alguns, busco figuras significativas em outros, um livro acerca de espiritismo e mística. Canso co a leitura e tomo resolução de sair de casa, perambular por aí, a esmo, percorrer itinerários aleatórios.  Para onde ir a essa hora da tarde, numa cidade pequena com poucas opções de estada?  Paro a sombra de uma árvore irresoluto da minha próxima paragem, abro a carteira, conto os níqueis , com um grande esforço cognitivo, realizo somas básicas e chego a conclusão que meus numerários são suficientes para uma estada momentânea num dos poucos cafés que circundam a praça central da cidade. O local escolhido é o café Lápis-Lazúli , um misto de café, bar e botica. O comércio não é os dos mais votados da cidade, mas fica num posição bastante favorável, do lado da sombra da tarde (muito embora a essa hora o sol já esteja a meio caminho do ocidente!), ele fica na rota de muitas jovens moças, moças fabris que a uma hora dessas estão de retorno de suas fainas diárias. As passantes que  constituem a leva de proletárias e constituída de mulheres feiíssimas,  ou três apenas, pagam a pena com algo de beleza física.  O lápis- Lazúli fica em frente a loja de secos e molhados, talvez o maior comércio atacadista do subúrbio local! Lá neste comércio, trabalha aquela moça de minhas ilusões e paixões juvenis. É uma jovem de pouca beleza mas de um charme encantador, sedutor. Iludo-me na crença de conseguir meu intento juvenil-pueril, mesmo sabendo que a dama é casada desde a muito tempo. Faz tempo que não a vejo, bem podia eu inventar alguma aquisição na loja de secos e molhados em que ela trabalha só pra ter o prazer de vê-la e deseja-la. Deseja-la somente. Após algum tempo de resistência tomo a iniciativa de ir até lá naquela loja, uma passada por lá não me custará nada, a não ser que eu exteriorize meus sentimentos mais escondidos por aquela moça  A jovem permanece lá, no mesmo local de sempre, indiferente a qualquer coisa, indiferente a qualquer flerte. Na observação à moça,  percebo que a mesma está sem seu principal acessório de identificação conjugal! No dedo anular da mão esquerda a vacância da circunferência Himenêutica .  ( Seria circunferência ou círculo? não sei bem!)  um sinal de esperança para mim ? A possibilidade de uma concretização de um desejo juvenil? Inquiro tais bestialidades, conjecturo outras, enquanto isso, a oca da loja de secos e molhados executa seu trabalho preenchendo o livro contábil com cifras e linguagem técnica contábil. Por que não fiquei no Café Lápis – Lazúli? Não fosse minha vinda para cá não teria ficado na dúvida, dúvida quanto a questões afetivas da moça da loja, dúvidas quanto a diferença entre circunferência e círculo! Dúvidas angustiosas e melancólicas. Ilusões pueris, conceitos geométricos formais e abstratos. O Amos absurdo de uma circunferência ou círculo simbólicos.

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