Entre
expedientes burocráticos
Quarta feira, começo do mês de setembro, o dia amanheceu
nublado, notícias da capital cearense dão conta de chuvas esparsas em vários
bairros da capital de Alencar. Por aqui nuvens escuras escondem o sol nas
primeiras horas da manhã. Nada mal para estes dias onde o astro rei marcou
ponto intensamente sem trégua. Aproveito que ainda não deu a hora de pegar no
batente para ir a agência bancária em busca dos meus parcos numerários devido
ao mês anteriormente trabalhado. Como é começo do mês, a quantidade de pessoas
que buscam os serviços bancários é grande, perco longo tempo na não menos
longa fila de pessoas que se encontram
em situação parecida com a minha, numa época de muita tecnologia de aplicativos
eletrônicos, nem tudo se resolve por este meio e a ida ao banco é inevitável.
Volto a repitir que perco um tempo desnecessário para uma simples operação
bancária que poderia ser evitada não fora minha necessidade de cumprir as
obrigações mensais de dívidas adquiridas no comércio local. Volto a me
impacientar com a instituição financeira que presta um serviço inversamente
proporcional ao faturamento da instituição financeira. Penso em reclamar com os
setores responsáveis pelos serviços do banco, tento construir mentalmente o
texto fruto de minha reclamação junto a eles e me sinto como um caranguejo que
batalha contra a s ondas do mar e que se espatifa no rochedo de pedras à beira
mar.
Após quase três quarto de horas naquela espera ansiosa, consigo meu
intento e vou em buscar que cumprir minhas obrigações de amanuense, nesse
itinerário fotografo so tipos urbanos que transitam pelas ruas da urbe, o
comércio local está apinhado de pessoas que buscam comprar as coisas necessárias
e desnecessárias, mulheres constituem o maior público dos transeuntes, mulheres
de roupas curtas que exibem corpos não tão perfeitos do ponto de vista
anatômico. O instinto reprodutor atiça a minha libido mas a racionalidade me
reprime igualmente. Cruzo a praça dos mercadores na mesma hora que o relógio da
igreja matriz soa as dez badaladas da manhã. Logo ali após o comércio de secos e
molhados encontra-se a instituição pública na qual darei meu expediente ininterrupto até a décima
sétima hora desse dia, expediente de muita burocracia aborrecida de ofícios,
despachos, duplicatas e letras.
De frente a uma máquina sem sentimento,
contribuirei para o bom andamento da administração pública. É hora de pensar
pouco e trabalhar muito nesse mais um dia comum desse pequeno ente do serviço
público brasileiro.